Incontinência Urinária por Esforço
Introdução
A Sociedade Internacional de Continência
(ICS) define Incontinência Urinária (IU) como “uma condição na qual a perda
involuntária de urina é um problema social ou higiênico e é objetivamente
demonstrável” (SILVA et al, 2005). Existem diversos tipos, porém podem ser
classificadas basicamente em três deles: Incontinência urinária de esforço
(IUE), incontinência de Urgência e incontinência urinária mista, que apresenta
características dos dois tipos anteriores.
A IU afeta a qualidade de vida do indivíduo de diversas maneiras,
podendo acarretar em sérias implicações médicas, sociais, psicológicas, e
econômicas (RETT et al, 2007). Com o conhecimento de diversos estudos sobre a
IU, pesquisadores evidenciaram o envolvimento de sua fisiopatologia com
diversos mecanismos, e propuseram a teoria integral da continência para
explicá-la. De acordo com esta teoria, alterações teciduais de suporte uretral,
dos ligamentos e músculos do assoalho pélvico são responsáveis pelo
aparecimento dos sintomas de IU, pois as alterações de tensão dos músculos e
ligamentos sobre as fáscias justapostas à parede vaginal determinam fechamento
ou abertura do colo vesical e uretra, e a tensão sobre a vagina ativa
prematuramente o reflexo miccional, causando contrações involuntárias do detrusor
(BARACHO, 2007). A idade avançada, a gravidez, o parto, a queda dos níveis de
estrógeno na menopausa, o tratamento de câncer de próstata, as incapacidades
física e mental, além de medicações e cirurgias que são potencialmente capazes
de provocar a diminuição do tônus muscular pélvico e/ou gerar danos nervosos
são considerados fatores que levam ao aparecimento da IU (SILVA et al,
2005). O termo incontinência urinária
atualmente é utilizado para descrever tanto um sintoma, isto em situações onde
a perda involuntária de urina está relacionada com a realização de atividades
que levam a um aumento da pressão intra-abdominal; quanto um diagnóstico, o que
indica a existência de qualquer tipo de disfunção miccional, por exemplo, a
incontinência por transbordamento, instabilidade uretral ou do detrusor,
hipotonicidade do detrusor, etc. (ZANATTA, 2003) Dentre as diferentes classificações da IU, a
mais incidente é a IUE, seguida pela incontinência de urgência, particularmente
no período peri-menopausal (GUARISI et al, 2001). Sua prevalência pode variar
de 12 a 56% dependendo da população estudada e do critério empregado para o
diagnóstico (RETT et al, 2007).
Métodos
Com
relação ao método de tratamento, foi utilizada a cinesioterapia por ser
considerada por diversos autores uma estratégica terapêutica efetiva para o
fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico. O presente estudo de caso foi realizado na Clínica de
Fisioterapia da Unoeste em Presidente Prudente – SP. Paciente do sexo feminino,
50 anos, brasileira, casada, profissão Dona de casa. A abordagem foi iniciada
com a avaliação no dia 04 de março de 2015, sendo realizados no decorrer dos
meses de março e junho, 6 sessões com duração de 60 minutos, com 5 faltas
justificadas pela paciente, finalizando com a reavaliação no dia 27 de maio de
2015. Trouxe como queixa principal
“perda de urina”. Na história atual a paciente relatou ter apresentado perda de
urina desde seus 40 anos, realizou cirurgia de lacqueadura em 1998, e retirada
do rim direito em 2014 (cálculos renais e infecção). Na história familiar, há
parentesco de hipertensão e diabetes. História social não refere etilismo ou
tabagismo, mas sedentarismo. Na história obstétrica consta G3P2A1C2Pn0F0,
criança do sexo feminino nascida com 3,8 kg, segunda gestação criança do sexo
masculino nascido com 2,8 kg. Menopausa ainda não consta, não realiza reposição
hormonal medicamentosa.
Avaliação física :
·
Vulva:
fechada;
·
Aspectos
dérmicos: Normais;
·
Distopias/Prolapsos:
Ausente;
·
Laceração
Perineal: Não;
·
Sensibilidade:
Normal;
·
Reflexo
clitoriano: Normal;
·
Contração
perineal: Presente, Simétrica.
·
Grau inicial
de acordo com a AFA (Ortiz, 1996): Grau III com 3 segundos de contração.
·
Compreensão
de contração perineal: Regular
Frequência Miccional : 7 vezes ao dia e 2 a
noite.
Perda de urina: Aos mínimos, médios, e máximo
esforços. (andar, contato com agua, mudança de decúbito, riso, relação sexual,
espirro, tosse, erguer peso). Em relação ao Forro não usa, mas quando sai de
casa leva calcinha, em casa troca de calcinha em torno de 4 vezes.
Micção: Perda ao esforço , e perda em gotas.
Obs: De acordo com o relato da paciente.
KAQ’S
1: Percepção geral: 75%
2: Impacto da incontinência: 100%
3: Limitação no desempenho da tarefa: 100%
4: Limitação Física 83,3 %
5: Limitação social: 77,7 %
6: Relações pessoais: 66,6%
7: Emoções: 100%
8: Sono e disposição: 50%
9: Medidas de gravidades: 66,6%
Reavaliação:
·
Vulva:
fechada;
·
Aspectos
dérmicos: Normais;
·
Distopias/Prolapsos:
Ausente;
·
Laceração
Perineal: Não;
·
Sensibilidade:
Normal;
·
Reflexo
clitoriano: Normal;
·
Contração
perineal: Presente, Simétrica.
·
Grau inicial
de acordo com a AFA (Ortiz, 1996): Grau III com 4 segundos de contração.
·
Compreensão
de contração perineal: Boa.
Frequência Miccional : 6 vezes ao dia e 3 a
noite.
Perda de urina: Aos mínimos, médios, e máximo
esforços. (andar, contato com agua, mudança de decúbito, riso, relação sexual,
espirro, tosse, erguer peso). Em relação ao Forro não usa, mas quando sai de
casa leva calcinha, em casa troca de calcinha em torno de 4 vezes.
Micção: Perda ao esforço , e perda em gotas.
Obs: De acordo com o relato da paciente.
KAQ’S
1: Percepção geral: 75%
2: Impacto da incontinência: 100%
3: Limitação no desempenho da tarefa: 100%
4: Limitação Física 100 %
5: Limitação social: 66,6 %
6: Relações pessoais: 83,6%
7: Emoções: 88,8%
8: Sono e disposição: 83,3%
9: Medidas de gravidades: 33,3%
RESULTADOS
Tabela 1.
|
Avaliação física
|
Reavaliação física
|
Vulva
|
Fechada
|
Fechada
|
Aspectos dérmicos
|
Normais
|
Normais
|
Distopias/Prolapsos
|
Ausente
|
Ausente
|
Laceração Perineal
|
Não
|
Não
|
Sensibilidade
|
Normal
|
Normal
|
Reflexo Clitoriano
|
Normal
|
Normal
|
Contração perineal
|
Presente, simétrica
|
Presente, simétrica
|
Grau inicial de acordo com a AFA (Ortiz, 1996)
|
3, com 3 segundos de contração
|
3, com 4 segundos de contração
|
Compreensão de contração perineal
|
Regular
|
Boa
|
Tabela 2.
KAQ’S
|
AVALIAÇÃO (%)
|
REAVALIAÇÃO(%)
|
Percepção geral
|
75
|
75
|
Impacto da incontinência
|
100
|
100
|
Limitação no desempenho da tarefa
|
100
|
100
|
Limitação Física
|
83,3
|
100
|
Limitação social
|
77,7
|
66,6
|
Relações pessoais
|
66,6
|
83,6
|
Emoções
|
100
|
88,8
|
Sono e disposição
|
50
|
83,3
|
Medidas de gravidades
|
66,6
|
33,3
|
|
Discussão
A IU
acarreta diversos sintomas que determinam problemas físicos, sociais e
psicológicos, interferindo negativamente na saúde e qualidade de vida da
mulher. O tratamento conservador, realizado através de recursos
fisioterapêuticos, é capaz de reduzir os sintomas de perda urinária e melhorar
a qualidade de vida das pacientes. No artigo de base, foram realizadas 8 sessões de fisioterapia, ( com
avaliação e reavaliação) com duração de 40 minutos, com dez mulheres, de 37 a
70 anos, uma melhora em consciência e controle da contração em torno de 90% foi
constatada. Bem como informações de
satisfação e indicação do tratamento em 100% das pacientes.
Relacionado
ao trabalho com a paciente deste estudo de caso, a mesma foi submetida a 6
sessões de fisioterapia, (com avaliação e reavaliação) com duração de 60
minutos, 50 anos de idade, foi
verificado melhora em consciência e controle de contração ao exame físico,
porém a paciente relatou na avaliação final que não percebeu melhoras no
controle da continência urinária, constatando até mesmo um desejo de
desistência do tratamento totalmente insatisfeita. A professora responsável
orientou a paciente a prosseguir com o tratamento pois houve melhora
significativa no quesito compreensão de contração perineal, além do que
aumentou 1 segundo de contração em relação a primeira avaliação, referente ao
Grau inicial de acordo com a AFA (Ortiz,
1996).
CONCLUSÃO
Através da análise de revisões de literatura,
da comparação realizada anteriormente na discussão, e de estudos de artigos
referentes, podemos concluir que a fisioterapia é eficaz no tratamento da
incontinência urinária, melhorando a consciência, controle e força do assoalho
pélvico, e consequentemente melhora da qualidade de vida destas pacientes que
se tornam mais confiantes e seguras.
REFERENCIAS: